
A VIDA DO NOVO CONVERTIDO
"A Vida do Novo Convertido"
O novo convertido deve ser nutrido, educado e integrado ao reino de Deus. INTRODUÇÃO - Na sequência do estudo da doutrina do reino de Deus, estudaremos hoje como deve ser tratado o novo convertido. - Assim como ocorre na vida secular com as crianças, o novo convertido também deve ser inserido no reino de Deus pela Igreja. I -- O NOVO CONVERTIDO PRECISA SER NUTRIDO - Após termos visto o que é o reino de Deus e qual a sua mensagem, passaremos ao segundo bloco de nosso trimestre, que nos mostra a manifestação do reino de Deus através de vários aspectos. - Como já temos visto, o reino de Deus não tem aparência exterior(Lc.17:20), o que não significa que não seja perceptível, já que, como também disse Nosso Senhor, de grão de mostarda se torna a maior das hortaliças (Mc.13:31,32). - Diante disto, passaremos, a partir de agora, a ver diversas manifestações do reino de Deus, a fim de que saibamos como ele se apresenta, já que, como também disse o Senhor Jesus, o reino de Deus está entre nós (Lc.17:21). - Uma das manifestações do reino de Deus se dá através da vida do novo convertido. Com efeito, quando alguém é salvo pela fé em Cristo Jesus, tornando-se uma nova criatura, isto é percebido por todos os que se encontram à sua volta, já que este novo convertido passa da morte para a vida (Jo.5:24), das trevas para a luz (Jo.3:21; At.26:18; I Pe.2:9). - Jesus, em seu Seu diálogo com Nicodemos, afirmou que para se ver o reino de Deus é necessário “nascer de novo” (Jo.3:3). Ora, como ensina o apóstolo Paulo, somente se consegue ver o reino de Deus quando, pela fé em Cristo Jesus, se consegue superar a cegueira espiritual imposta pelo diabo a todos quantos não alcançaram ainda a salvação (II Co.4:3,4). - Portanto, o “novo nascimento” está relacionado com a fé em Cristo Jesus, vinda pelo ouvir pela Palavra de Deus(Rm.10:17) e fruto da operação do Espírito Santo que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo.16:8), motivo por que o próprio Jesus, no diálogo já aludido, disse que este nascimento é um nascimento do Espírito (Jo.3:6,8). - Ao fazer a analogia entre a salvação e o nascimento, o Senhor Jesus nos mostra, com absoluta clareza, que o novo convertido, ou seja, aquele que, por crer em Jesus, alcança a salvação da sua alma, é, num primeiro momento, um recém-nascido, um neonato e que, portanto, deve assim ser tratado por todos aqueles que pertencem à Igreja, a esta nação santa que saiu das trevas para a maravilhosa luz do Senhor e que, por causa disto, deve anunciar as virtudes de seu Salvador (I Pe.2:9). - Todos os salvos, portanto, devem estar atentos para esta realidade dita pelo Senhor Jesus a respeito do novo convertido: ele é um recém-nascido e, como tal, precisa, a exemplo do que ocorre na vida biológica humana, de todos os cuidados para que venha a ter condições de viver sozinho.Como diziam os antigos, nascida uma criança é necessário que se tomem todas as providências para que ela possa “vingar”, ou seja, tenha condições de sobreviver por conta própria, o que não ocorre de imediato. - Esta realidade espiritual não é entendida por muitos lamentavelmente. Não são poucos os que, diante de uma conversão, começam a exigir do novo convertido um comportamento maduro, uma vida completamente mudada, de uma hora para outra, sob o argumento de que a salvação é instantânea, de que, quando somos salvos, passamos da morte para a vida, das trevas para a luz. - Não resta dúvida de que a salvação é radical, pois, diz-nos a Bíblia Sagrada, que, ao sermos salvos, há uma transformação total em nosso ser, pois de mortos passamos a vivos, de filhos das trevas a filhos da luz, de filhos do diabo a filhos de Deus. As Escrituras são claras ao dizer que, com a salvação, somos “novas criaturas”, onde as coisas velhas passam e tudo se faz novo (II Co.5:17). - No entanto, esta “nova criatura” que surge no exato momento em que somos salvos, este “novo homem” que somente surge quando o homem velho morre, a exemplo do ocorre com o grão de trigo (Jo.12:24), não surge como uma criatura madura, já inteiramente formada, que pode sobreviver por si só. - Quando vemos a própria analogia da semente, empregada mais de uma vez pelo Senhor Jesus, sabemos que é necessário que o grão morra para que surja uma nova planta, um novo ser, mas este novo ser, ainda que novo, não aparece já totalmente formado e em condições de também frutificar. Não, senhores! O novo ser, surgido com a germinação, é, ainda, um pequenino ser, que precisa se desenvolver até chegar a ser uma planta completa e madura, capaz de, ela também, produzir novas sementes que tenham a capacidade de gerar novos seres.
- De igual maneira, o recém-nascido, quando sua mãe lhe dá a luz, é um novo ser (já o era desde o momento da fecundação), mas não tem condições de sobreviver por conta própria enquanto não se desenvolver, enquanto não se formar, seja sob o aspecto biológico, seja sob o aspecto moral, seja sob o aspecto espiritual.- Por isso, labora em grave equívoco todo aquele que desconsiderar este processo de desenvolvimento espiritual. A salvação vem com o novo nascimento mas, entre o novo nascimento e a maturidade espiritual, a capacidade de sobreviver espiritualmente por conta própria (falamos em termos humanos, pois sempre dependeremos do Senhor Jesus para prosseguirmos até a entrada no reino de Deus -- Jo.15:5 “in fine”), há um período, período este que não é mensurável em dias, meses e anos, visto que se trata de uma realidade espiritual, razão pela qual devemos ter esta consciência para que, com amor, nós, os que já estamos amadurecidos espiritualmente, não sirvamos de escândalo e venhamos a ocasionar o tropeço na fé daqueles que nasceram de novo e, vendo o reino de Deus, precisam aprender a caminhar em direção a ele (Rm.14).- O novo convertido,
a exemplo do recém-nascido, precisa ser cuidado e acompanhado em seu desenvolvimento e tal cuidado deve ser feito, por primeiro, por aqueles que foram participantes na salvação daquela vida, os chamados “pais na fé”.Vemos a consciência desta responsabilidade no apóstolo Paulo, que se considerava o “pai na fé” de Timóteo (I Tm.1:2; II Tm.1:2; 2:1).- Nem sempre o “pai na fé” é aquele que pregou o Evangelho para o novo convertido. Paulo, pelo que se deduz dos seus próprios escritos, não foi o primeiro a falar das sagradas letras a Timóteo, que fora evangelizado por sua avó e por sua mãe (II Tm.1:5; 3:15), tanto que, quando Paulo o convida para fazer parte de seu corpo de cooperadores, Timóteo já tinha bom testemunho ante os irmãos que estavam em Listra e Icônio (At.16:1,2).- Entretanto, guiado pelo Espírito Santo, Paulo sentiu de “adotar” aquele “filho na fé”, assumindo a responsabilidade de orientar e cuidar desta alma, responsabilidade esta que pôs em alta conta, a ponto de, pouco antes de sua morte, ter ainda escrito as últimas instruções a este seu “filho” (II Timóteo é a última carta escrita pelo apóstolo).- Como filhos de Deus, nós, os salvos, temos de estar prontos a assumir a responsabilidade de termos “filhos na fé”, que, acima de tudo, são nossos irmãos, comprados com o precioso sangue de Jesus vertido na cruz do Calvário (I Pe.1:18,19), sabendo, também, que cada novo convertido vale mais do que o mundo inteiro (Sl.49:7,8).- O “pai na fé” não é um “senhor” em relação ao “filho”, pois, tendo sido comprados por bom preço, os salvos não podem se fazer servos dos homens (I Co.7:23), mas, a exemplo de José, que não era o pai biológico de Jesus mas assumiu integralmente a responsabilidade de criá-lo e educá-lo, assim também temos de assumir, diante de Deus, sem temor, a responsabilidade de criar e educar aqueles novos convertidos que Ele nos põe em nossos caminhos.- Além dos “pais na fé”, também são responsáveis pelo desenvolvimento do novo convertido aqueles que o Senhor põe à frente do rebanho, os pastores,que devem ter a mesma consciência que o apóstolo Paulo tinha em relação aos gálatas. Paulo dizia que os crentes da Galácia eram seus filhinhos, pelos quais ele sentia dores de parto até que Cristo fosse neles formado (Gl.4:19).- Em outra passagem, desta vez em carta à igreja em Corinto, Paulo dizia que se sentia oprimido interiormente cada dia pelo cuidado de todas as igrejas (II Co.11:28), a indicar o peso da responsabilidade que estava sobre seus ombros com relação ao desenvolvimento espiritual dos crentes das igrejas que havia fundado, responsabilidade ainda maior com relação aos novos convertidos, que não podem andar por si sós na jornada espiritual.- Esta mesma responsabilidade é lembrada por Paulo a Timóteo, seja como requisito para a separação de pastores (I Tm.3:5), seja para o próprio Timóteo, que é advertido a cuidar de cada segmento da igreja (I Tm.5:1-3, 21, 22; II Tm.2:10,24).- De igual forma, o apóstolo Pedro, também, lembra aos pastores que eles devem apascentar o rebanho de Deus não como tendo domínio sobre ele, mas dando o exemplo (I Pe.5:3), o que é ainda mais necessário com relação ao novo convertido, que, como criança espiritual, aprende sobretudo pelo exemplo dado pelos mais maduros.- Mas não são apenas os “pais na fé” e os pastores que têm de cuidar do novo convertido, mas cada crente deve fazê-lo. Por primeiro, porque os salvos devem ensinar uns aos outros (Cl.3:16) e isto, naturalmente, faz com que cada salvo maduro seja um ensinador dos novos convertidos.- Por segundo, porque, como irmãos, devemos amar uns aos outros (Jo.15:12,17: Ts.4:9) e este amor não é apenas de palavras, mas de ações concretas, de atitudes (I Jo.3:18) e quem ama a seu irmão está na luz e nele não há escândalo (I Jo.2:10), ou seja, cada salvo precisa ter uma vida sincera e reta diante de Deus para não causar tropeço ao novo convertido e ao fraco na fé, residindo aí o seu cuidado para com o neoconverso.- Visto que o novo convertido, como recém-nascido espiritual que é, precisa ser cuidado tanto pelo “pai na fé”, quanto pelo pastor como por todo crente, que cuidados são estes?- A analogia feita por Jesus prossegue. O novo ser, assim que fecundado no ventre materno, precisa, para ter condições de sobreviver, de alimentação, de nutrição. Tanto assim é que o principal órgão durante todo o período de gestação é o cordão umbilical, que é responsável pela nutrição do novo ser, levando o sangue da placenta até o feto.- O novo convertido é gerado pela Palavra de Deus, que, como um cordão umbilical, leva a vida até o pecador, através do perdão dos pecados pelo sangue de Cristo Jesus (I Pe.1:3,4,23). É a terra em que cai a semente da Palavra e que não foi arrebatada pelo maligno e que, por conseguinte, pôde germinar e dar surgimento a um novo ser espiritual (Mt.13:5-8).- No entanto, assim que nasce, o cordão umbilical do recém-nascido é cortado e tem ele de ser alimentado doravante com o leite materno, indispensável para que possa sobreviver e tenha condições de se desenvolver e ser capaz de ter outro tipo de alimentação.- De igual maneira, o novo convertido, assim que nascido, precisa ser alimentado com o “leite racional”(I Co.3:2; Hb.5:12,13; I Pe.2:2). Que é este “leite”? A própria Bíblia Sagrada nos responde: os primeiros rudimentos das palavras de Deus.- O primeiro cuidado que temos de ter com o novo convertido é o da sua nutrição, o de sua alimentação. Ora, o alimento espiritual do salvo é a Palavra de Deus (Mt.4:4) e o novo convertido, como todo salvo, precisa se alimentar da Palavra, mas, como é um recém-nascido, tem de ser alimentado com o “leite racional”, com os “primeiros rudimentos das palavras de Deus”.- Jesus, ao deixar a grande comissão aos Seus discípulos, disse que eles deveriam ir por todo o mundo, pregando o Evangelho a toda criatura (Mc.16:15), este “pregar” é complementado pelo “ensinar”, “ensinar” este que o Mestre por excelência (Mt.23:8) determinou fosse feito em dois estágios: “ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mt.28:19, 20a).- Percebe-se, claramente, que o Senhor fala em ensino duas vezes: a primeira, o “ensino a todas as nações” (em algumas versões, consta “fazer discípulos”, ou seja, preparar “alunos” de Jesus), antes do batismo nas águas e, depois, o ensino aos discípulos já formados, para que guardem os ensinos de Jesus.- É exatamente o que fala o escritor aos hebreus, que distingue dois tipos de alimento espiritual: o leite e o sólido mantimento (Hb.5:12). Isto nos leva, então, à realidade de que o novo convertido precisa ter uma alimentação especial da Palavra, o “leite”, que nada mais é que o discipulado cristão.- Para cumprir a tarefa do ensino da Palavra, é preciso, em primeiro lugar, que a Igreja se veja dotada de homens e mulheres preparados para ensinar. Na igreja de Antioquia, Barnabé, ao notar a salvação daqueles crentes, imediatamente viajou para Tarso, para trazer a Paulo, pessoa que ele sabia ser preparada e capaz de ensinar aqueles novos convertidos (At.11:25,26).- Para se fazer o discipulado, é indispensável que demos o devido valor à Palavra de Deus, Palavra que o próprio Deus engrandeceu a tal ponto de a pôr acima de Si mesmo (Sl.138:2). Sem esta atitude, de nada adiantará desenvolver “cursos teológicos”, “cursos bíblicos”, “cursos de preparação de obreiros” e tantas outras coisas que têm sido inventadas e postas em prática na atualidade. Se as pessoas não se conscientizarem de que nem só de pão viverá o homem, mas de
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